Fernando Pessoa dizia: ” A minha pátria é a língua portuguesa”.
Também é nela que eu penso, é através dela que verbalizo o que sinto, faz parte de mim, de quem sou, e da forma como vejo e ouço o mundo.
Isso ninguém me tira, com ou sem acordo ortográfico, que, na minha perspectiva, nos irá fazer rebaixar, face ao português brasileiro, fruto adulterado da nossa semente, embora saboroso no paladar.
A língua é pátria: é ela que nos faz nomear com carinho o nosso espaço territorial , nossa raiz, cujo nome é Portugal..
E se Fernando Pessoa hoje fosse vivo? Suicidar-se-ia? Talvez não, mas…
Hoje em dia, onde quer que passemos ou olhemos, já não reparamos nos erros ortográficos, chicotadas na língua portuguesa, que estão sempre a vergastá-la . Estamos tão “contaminados” com erros que já nem os vemos.
Mas não são apenas os erros que asfixiam a nossa língua,mas, sobretudo, quem os dá.
Assisto horrorizado à minha geração, que, com a sua linguagem, cada vez mais banal, vai matando aos poucos a nossa língua mãe.É incrível como jovens (e adultos!) delapidam tanto o nosso português:
“S pdrs, mnd 1 tk!!!”- O que vos parece isto? Uma língua ultra-secreta, criada pela CIA ou pelo KGB?
Não. Esta espécie de linguagem de código é o que mata a nossa língua: esta linguagem de SMS’s corrompe, sem piedade, o nosso idioma, cuja existência remonta há muitos séculos.
Mas não são só os jovens que o destroem. Também a publicidade, a linguagem jornalística sem qualidade, o desprezo pelo seu estudo, entre outras causas.
Assisto, incrédulo, às publicidades, cujos erros me impelem a criar uma guerra contra elas e contra quem as criou.
Ora, um dia destes, ia eu para Vila Verde, quando vejo, chocado e sem palavras, uma publicidade de uma construtora, que publicitava as suas ofertas de construção: “Bangalôs de praia e de muntanha”.
Quer o estrangeirismo “bungalows”, quer a palavra “montanha” estavam mal escritos. Depois, em Fraião, um aviso de uma empresa electrificadora: “Fazemos elétrificacões”.
Mas há mais: os nossos exames, mais propriamente, os de 4º e 6º anos de escolaridade. Fiquei revoltado e ultrajado, quando ouvi na rádio que, na correcção das provas de aferição do 4º e do 6º ano, os critérios de correcção das mesmas não iriam contemplar os erros ortográficos nem a construção sintáctica.
Lembro-me também do campeonato da Língua Portuguesa, transmitido pela SIC há já algum tempo, em que a apresentadora maltratou a língua portuguesa vezes sem conta, desde o pronunciar mal algumas palavras, passando pela incorrecta formulação das questões e pela indução dos concorrentes em erro…enfim, houve um pouco de tudo!
Um campeonato, em que se pretende escolher a pessoa ou as pessoas que mais sabem português, tem uma apresentadora a maltratá-lo?. Irónico, não é?
Por isso lanço este apelo: vamos escrever melhor, para que a nossa língua não seja comparada a um trapo imundo que se joga no lixo.
Vamos? «Afinal vale a pena porque a causa não é pequena»
Estou nas nuvens.
Obrigado, professora!!!
Rui Silva
Rui,
Que bom deve ser estar nas nuvens…Parabéns pelo texto!
Um texto bem engraçado e original.Parabéns, Rui e continua.
Um texto bem interessante para um jovem tão novinho(suponho!)
Joana e Luana,
O Rui é realmente muito jovem, mas muito interessado!
Rui, fixe meu!
Li este texto atentamente e sim tudo isto que o Rui escreveu é verdade.
Não vou dizer que nas mensagens ou nos email’s não escrevo de uma forma tipo secreta como o Rui lhe chama, mas sei quando devo escrever o português correcto, e num teste não conseguiria escrever dessa forma.
Dá vontade de rir quando vemos erros que são um verdadeiro atentado ao português!
Não sei se Camões ou Fernando Pessoa e outros tantos poetas nacionais importantes conseguiriam viver no meio deste “terrorismo” que existe na nossa língua.
Tanto erro pode vir a trazer consequências para as pessoas que os dão se não pararem a tempo.
Sara Ferreira 10ºC
Tantos erros comuns surgem na linguagem coloquial, que seria totalmente desadequado enumerá-los todos, mas servindo de exemplo: “derivado a”, “um dos vários que fez”, “o preço é caro”, “a gente dissemos”, “costumo fazer sempre o mesmo”… enfim, toda uma panóplia de expressões, perfeitamente comuns entre pessoas cujas profissões têm o principal objectivo a comunicação. Todos nós devíamos saber aplicar a preposição adequada a cada verbo, distinguir singular de plural, preferir comprar um produto a comprar um preço, ter conhecimento que “a gente” é 3ª pessoa do singular e até mesmo saber que o pleonasmo apenas assenta bem em texto literário. Mas influências diárias espalhadas por toda a sociedade não permite a grande parte de nós sabê-lo. As gerações vão-se tornando progressivamente mais práticas, e não será de estranhar se daqui a uns anos a comunicação fôr por movimentos de nariz ou de olhos, para não termos de gastar o nosso fôlego em palavras sem sentido. No próximos tempos, “as palavras já estão gastas.” Por isso, este apelo a uma linguagem simples, correcta e tradicional de certeza que não será em vão. Parabéns ao Rui por conseguir transformar este apelo num texto que aponta grandes falhas de Portugal no seu melhor…
Sara e Mário,
Mesmo em férias, não deixaram de ler.
Beijinhos 🙂 🙂
tens palavras lindas tu tambem:)
rui
li o teu texto e ñ sei qal as palavras mais adequadas para descrever este magnifico texto…
começo por dizer as mais directas:linguagem complexa, espetacular e tambem demostra o fundo de um jovem poeta.
espero que continues a escrever pois tens muito jeito e aproveita a arte de escrever. nem toda jente tem.
PARABENS!!
BJS
Antes de mais parabéns pelo brilhante texto.
“E se Fernando Pessoa hoje fosse vivo? Suicidar-se-ia? Talvez não, mas…” Não penso que Fernando Pessoa se suicidasse, mas era capaz de mudar de país, visto que a língua portuguesa é atacada de todas as maneiras e feitios pelos portugueses, e mais, por aqueles que sâo a favor do novo acordo ortográfico.
“”S pdrs, mnd 1 tk!!!”- O que vos parece isto? Uma língua ultra-secreta, criada pela CIA ou pelo KGB?” Tens razão, isto não é português não é nada, quando me dizem alguma coisa parecida com isso nem me dou ao trabalho de tentar perceber, visto que os que escrevem assim ainda devem ter mais trabalho do que os que escrevem o português correctamente.
Estou confiante que um dia estes “atentados” à língua portuguesa acabem.
Bom texto 😉
Pedro Gomes 10ºC
Patrícia e Pedro
O Rui deve estar feliz com os vossos comentários. Agora é que “está nas nuvens!”.
A toda a família do Recreio das Letras
BOA PÁSCOA
Francisca e Mafalda
Bem, rui fiquei surpreendida com o texto. Não por não ser verdade tudo o que escreveste. Mas sim por ter sido escrito por ti!
Não te vou dizer que em sms’s ou mesmo por mail eu não escreva assim, porque tu sabes que sim… mas é engraçado que ao ler textos destes tenho conciência de que mato a nossa língua, vezes e vezes sem conta!!!
Deixo aqui a minha opinião! 🙂