Foges de mim, ó noite de magia
Foste rápida e cruel no abandono
Nunca mais nascerá um novo dia
De que o Natal reclame ser o dono
Nem o cheiro a filhós permaneceu
Na chaminé vazia dos presentes
A imagem desse tempo se perdeu
Só resta a dos meus pais pr´a sempre ausentes
Tu, Menino Jesus, que é que me dizes?
Queres os homens sempre uns infelizes
Sozinhos e perdidos, sem abrigo?
Desculpa, mas não quero a tua ajuda
Nem uma luz distante que me iluda
—Se quiseres ficar, janta comigo.
Manuel Estrada
O poema é de facto lindíssimo!
É a demonstração de que o Natal não tem só coisas boas, não é só a reunião com a família e a troca de presentes; é também o recordar do passado, daqueles que já nos acompanharam mas agora não estão entre nós porque, por vezes, a vida é mesmo “rápida e cruel no abandono”.
Mas conservando os nossos princípios no tempo e sendo o Natal uma ocasião que nos convida a ser solidários e fraternos, devemos pensar naqueles que nesta época estão “infelizes, sozinhos e perdidos, sem abrigo” e ajudá-los da melhor maneira possível!
Um Bom Natal para todos e umas óptimas entradas!
Beijinhos
Catarina Azevedo
Manuel,
É como dizes “Natal sem magia”!
Algures o “mecanismo” do Natal partiu-se e o que restou foi o gesto pontual de sermos mais tolerantes, mais fraternos, mais solidários que habitualmente, durante esse período. No entanto, passados que são esses dias voltamos à azáfama das nossas “vidinhas”, do “eu” que tenta sobreviver, onde o outro apenas tem lugar no Natal. Porém, o outro vive todos os outros dias do ano, com as suas dificuldades, com a sua solidão e a tristeza de saber que o Natal, nesta sociedade da abundância, só acontecerá um ano depois. E aí, espera então ter novamente um gesto solidário, daqueles que existem para acalmar a alma dos cidadãos fraternos…
Parabéns, principalmente pelo ponto de vista realista do nosso Natal.
Mafalda e Francisca
Poema extraordinário e diferente do habitual. Odesencanto de quem amadureceu e deixou a magia no passado.
É impossível ficar indiferente a este poema que é um hino de desalento a um mundo de tantas desigualdades e uma crítica ao Natal postiço e fabricado em nome de um Deus Menino que os homens atriçoaram.
A magia do Natal é como um sopro de vento. a humanidade não tem remédio.
Belo texto!
Um poema lindíssimo,com um tom de amargura, pela saudade de Natais passados e pelo realidade amarga de um presente de descrédito. Será que o menino ficou mesmo para jantar?
Gostaria de saber quem é o poeta.Será possível?